
No universo restrito dos hipercarros, poucos nomes carregam o peso simbólico da Pininfarina. Falar dessa casa italiana é falar de linhas que desafiaram o tempo e de uma estética que transformou o automóvel em arte. Agora, esse legado se encontra com a ousadia tecnológica da startup Vittori, que apresentou no Concours Club, na Flórida, o Turbio, um conceito híbrido que já nasce destinado à raridade: apenas cinquenta unidades serão produzidas.
Mais do que uma parceria, trata-se de uma fusão de visões. Enquanto a Vittori representa o espírito experimental da engenharia contemporânea, a Pininfarina oferece a tradição de quem entende que a beleza precisa obedecer à função e que a função, quando bem desenhada, é também uma forma de arte. O resultado é um carro que parece emergir do futuro com o toque artesanal do passado.

O Turbio combina técnicas avançadas de manufatura com um desenho de precisão escultórica. Cada curva, cada ondulação da carroceria tem uma razão de existir. A aerodinâmica não se esconde, ela é o próprio design. O ar é conduzido de modo quase coreográfico, atravessando superfícies fluidas que garantem estabilidade e força descendente sem comprometer a pureza visual.
Giuseppe Bonollo, vice-presidente de mobilidade da Pininfarina, resume a abordagem de forma cirúrgica: o desenvolvimento se deu integralmente em ambiente virtual, o que permitiu alcançar um equilíbrio raro entre forma e performance sem recorrer a modelos físicos. O resultado é um automóvel que dispensa excessos e exibe uma clareza quase arquitetônica.

No interior, o contraste é proposital. Couro, metais escovados e interruptores físicos evocam o prazer tátil de dirigir, um manifesto contra a frieza dos painéis digitais. Há um relógio analógico, um painel limpo e uma sensação de controle que devolve ao motorista o protagonismo perdido na era dos assistentes automatizados.
Carlos Cruz, fundador e CEO da Vittori, define o projeto como “um exercício de liberdade mecânica”. E é exatamente isso que o Turbio transmite: potência disciplinada, beleza que respira e a impressão de que cada detalhe foi desenhado para responder ao instinto.

Equipado com um motor V12 concebido pela Italtecnica, o hipercarro nasce com alma de pista e vocação de colecionável. A asa traseira ativa reage ao comportamento do veículo com a mesma naturalidade de um organismo vivo, retraindo-se nas retas, abrindo-se nas frenagens e ajustando-se em curva com precisão quase biológica.
A Vittori e a Pininfarina não criaram apenas um carro. Criaram uma escultura em movimento, uma síntese entre tecnologia, tradição e emoção. O Turbio é o testemunho de que, no alto do espectro automotivo, ainda há espaço para poesia e que o verdadeiro luxo está em ver a engenharia se tornar arte.
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